domingo, 25 de novembro de 2007

terça-feira, 1 de maio de 2007

sábado, 3 de março de 2007

instruções para melodia

quero algo que toque baixinho
no apartamento sem ninguém
sem pressa de término,
na vontade de silêncio.
algo que vibre-madeira-velha
no violão deitado na sala.

quero algo que se faça ouvir
no radinho da moça
que lava roupa
no andar de baixo,
no ouvido do rapaz
que anda
no andar de cima.

que possa
parar tudo e provar
que não se pode parar.

seja isso
e o contrário disso
da mesma forma.

algo que passe batido aos outros...

à distância

dia enferrujando

maresia de viver

folha inteira pra gastar

e a moça ainda espera...


do outro lado podendo imaginar

o que se pode fazer

aonde se pode chegar

do lado de lá não tem esquecer...


não tem esquecer...


não dá tempo de chegar...

lá fora não tem esse lugar...


não dá tempo...

lá fora não tem...


não dá...

lá fora...


tempo...

não tem...

02 - Eletricidade

sentir música
tocando baixinho
no quarto escuro

minha musa sorriu
do outro lado do mundo
me contento em só saber
aonde ela quer chegar

alguém distante quer me olhar
pela fechadura ilusória de mim
mesmo sabendo que assim não verá

chegado limiar
iminência do movimento
o "fazer" quer chegar

sem espaço pra um "dizer"
viajar pra outro lugar

ventilador quer rodar
viajar pra outro lugar

"recortes"

Eterna.

Eterna reconstrução.

Os sons mudam,

os estragos são os mesmos.

Expressar sem dor,

era isso que eu esperava.

Postura?

Conclui que é essência.

Nem me importo com a natureza do dito.

O que pretendo é transcender.

"recortes"

A pipa amarela voava no céu de nuvens, branco.

Hasteada pelas mãos inocentes daquele garoto.

Todos queriam ver.

O menino, fruto da nostalgia do rapaz.

E a pipa que cata-ventava pela brisa.

Ainda havia espaço pra nostalgia.

"recortes"

A necessidade de expressar

É uma embreagues sem propósito.

Algo que me lembra o livro que deixei por ler,

O projetar antigo do não efetuado

E aquele “laiá-laiá”.

E o som do cavaco.

E um copo vazio.

E aquele vazio todo.

"recortes"

Às vezes me sinto como alguém

que perdeu a capacidade de se irritar com as coisas.

Isso é ótimo.

Como diziam eles:

“era um banheiro com um pouco de casa dentro”.

Olho a bagunça do meu quarto e nada digo.

Penso em loucuras

e sinto vontade de escrever sobre o fantástico.

O absurdo da vida.

E estímulos inesperados.

da série "post's de outros lugares"

há quanto tempo não ouvia.
hoje ele canta cansado,
excessivo ao ouvido.
mas ainda me lembra a época
de descobertas, prazeres e loucura.

os “bons tempos que não voltam mais”.

me faz lembrar de corpos femininos magros,
noites no viaduto, "velvet" no quarto pouco iluminado...

tudo aquilo me fez perceber algo maior.

em dias de sol,
morrison ainda canta na ponta da minha perna.

da série "post's de outros lugares"

tirei um tempo pra ler...

as pessoas ainda pedem desculpas
quando demoram pra atualizar algo como um fotolog.
não vejo a razão disso acontecer. talvez não tenha essa necessidade.
minha vida não gira em torno disso.
não peço desculpas a você.
por que pediria?

(estou mentindo...)

da série "post's de outros lugares"

ontem perdi o sono.
na verdade hoje, de madrugada.
fui assistir ao que passava na tv.
”nunca te vi, sempre te amei”
acho que era esse o nome do filme.
já havia visto algo sobre, em um sebo.

gostei muito.

a imagem da senhorita fumando elegantemente,
ao ler bons livros me agradou bastante.
a morte do seu correspondente também.

gosto de mortes em final de filme...

da série "post's de outros lugares"

me revezo
entre meu seminovo
bloco de notas e diálogos envolvendo
pessoas inexistentes. diálogos esses que já
se tornaram comuns. sempre estou conversando
com alguém que não existe. seja essa, a jovem flor
de dezenove, ou a pirralha de onze, ou a musa que some
e retorna, ou a menina de recife... sempre me perco,
me iludindo com a existência de um possível
admirador de fotografias e escritos meus.
imaginando um dia no qual tudo isso se renovará.

ainda ouço o mesmo disco

a musicalidade permeia o caminhar
nessa superfície-limiar.
o limite está entre o negro chão de asfalto
e o hipnotizar azul do céu sem nuvens,
onde o vento traz na melodia
o efeito-maresia
do corpo salgado dela.
da pele morena desse entardecer,
que se aproxima nesse ritual
de cores tons sensação.
percebo a inferioridade dos mortais,
na face suja de loucura dos desvalidos.
a essência humana não suporta.
o ser existe completo,
apenas no quando da batida-rítimo.
a vitrola não existe.
quando existimos
e s p u m a n t e s

intertexto presente (provisoriamente)

retorno ao abrigo. agora, sem tanto tempo para angústia. amigos-antigos mais próximos, antigos-amigos um pouco mais distantes /cadê você claudio?\ não sinto mais minha vontade de ousar, mas percebo a necessidade de me escrever com letra maiúscula. há algum tempo mandei um texto pro jornal, no auge do questionamento \forma, linguagem, conceito/ estupraram-me no escrito. ainda me perguntaram o que havia achado... talvez quisessem saber o que tinha achado de suas maiúsculas e daquela pontuação cretina. não respondi. um texto criticando moldes, em moldes, é coisa de jornalista. meu pai disse que, com isso não chegaria a lugar algum. acho que não queriam algo tão iniciante-inocente. devem esperar por velhos caducas, com seus contos eróticos, nada excitantes. a intelectualidade é uma merda.

intertexto presente

inaugurado novo evento,

(vide vaca “derretida”)

agora posto em pratica.

abre-se uma janela

na casa escura do meu íntimo.

o que percebo é claridade,

ocasionada pela mudança no cotidiano,

essencialmente visceral,

que desgasta, amedronta.

através dela vejo outro horizonte,

algo de um colorido indolor,

agradável.

agora?

sonhos em um mosaico

dinâmico e inconstante.

findo maiores obstáculos.

(texto fruto dessa vida corrida-cotidiana-esmagadora,

agora iluminada por vaga-lumes falantes)

cu

do discurso clichê ao excremento,

assim vejo-me no escrito.

que escatológica evolução!

no eu que escreve,

vejo características da imaturidade,

uma necessidade de me automodelar,

adequar-me ao que o outro espera, quer.

ou será esse outro o desconhecedor das leis do bom convívio?

as grafites marcas, deixadas no papel, fedem.

me sinto nojo.

me vejo só.

diante das minhas limitações apenas existo pequeno,

e vou resistindo a uma vida que me castra pela mente.

sou alguém óbvio

depois da agonia,

vejo explicações em melodia.

percebo que a angústia surge

quando me distancio daqueles momentos ociosos,

que, através de folhas amassadas por rabiscos,

transpirava.

sinto-me leve, para viver essa vida tão igual.

já faço planos sabendo que não serão.

pessimismo?

o que farei quando não for sonho?

praia, mar, pôr-do-sol, cacos de felicidade perdidos na areia.

brincar de poeta, esquecer o que quiser...

talvez esperando que um dia,

em canções perdidas de bar,

nos encontremos,

e sem necessitar de tanta poesia,

poderemos tentar felicidade.

o que achas?

será um retorno há outros tempos

ou um mero acesso de nostalgia?

acreditas em promessas?

nada de novo

na reconquista da continuidade,

latente-processo-sofrido.

maiúsculas ainda chateiam.

enfim, um novo lugar.

respirada nova tranqüilidade,

maresia pra dentro da cabeça.

dia-dia mais dinâmico,

com as palmas ainda marcando o samba

no inconsciente do indivíduo,

que há muito sem o odor dos rabiscos,

(gosto insensato da loucura)

percebia nada de novo

psicodélica(s)mente(s)nublada(s)

do barulho grafite,

do lápis em papel branco-amargo

surgi em ensaios,

antes feitos para que produção flua plena,

como mosca que plana indiferente.

na palavra alheia não sinto o conforto.

forço-me a sentir prazer,

transferindo-me através das marcas no papel.

fingem não escutar/ver/sentir o que dentro não silencia,

mas essa ruptura o fará.

pouco me importo com convenções,

tabus,

preconceitos.

o que move a insistência é o vício,

de ouvir a caneta correndo,

inutilmente,

por essas bigas de celulose,

que forçam-na à inércia.

não sinto a compleitude no próximo

rompo com esse texto asmático arcaicamente irritante.

caminha agora como fluxos intestinais.

nada cômico.

as vísceras pulsam,

em contraste à imagem,

que derrete em sua insuportável paz fumacenta,

o que em inutilidade nos inebria.

aqui,

estranhamente bate um coração.

não como bateria de escola de samba,

mas como o berro explodindo do peito do homem-cangaço antes da morte.

saúdo minha revolta,

inaugurando novo evento.

sou habitante da terra-sertão,

poeticamente,

violenta-seca

sinto necessidade de gritar equívoco e unir idéias.

começou a chover.

abstração em poros ativa

nos refúgios de escondidos – enfadados (esquecidos em formação) do caótico ao harmônico tudo se completa, em escala /da inquieta loucura à inconsolável tristeza\ eternidade refletida e presa no interior por paredes, que a cor ilumina em sabores - tons - cafeína

“a qualquer momento poderemos ser tragados no abismo, nós estamos condenados...”

devaneios glauberianos apresentam-se na fumaça podre de loucura e vulgaridade, em tela avermelhada denuncia sexo, o gemido intransigente-obceno alcança o masoquismo explícito, imoral, gostoso. em cores antigas-violentas o querer do corpo feminino, nu, (n)ele, como integrante do espetáculo insano, articula seus personagens. no candomblé, êxtase, sexo, politicarnavalmente soam os negros batuques, tambores, na “cloaca do universo”, em meio a tanto verde, pênis negro, livre de preconceitos, confortável no erotismo, passeia. agoniza no asfalto quente, jorge por fundo, um, correndo, distancia, o companheiro, enxerga brasília por entre estátuas. tenho medo de cristo. bruscofim.

eles não querem valorizar meu ócio

não há no crânio.

da escuridão brota sangue que lambe a realidade.

tortura, dor, sofrimento...

atraentes aos olhos cruéis,

que brancos tornam-se,

enxergando um ventre,

que aberto em feridas,

mostra toda a podridão,

interna aos mesmos.

vísceras-secas-pretas-mortas

saltam do corpo ao nojo.

tudo levita em um baile macabro

em homenagem à satã.

louvemos a morte

"na cabeça liquidificador faz rotação..."

negro borrado em vermelho, produzindo a combustão, posteriormente explosiva. batida propagada em ouvidos nus. tudo em rajas pretas-violentas-vermelhas. algo insone, percebido por trás de uma voz, afinadamente subversiva... odores fogem às caixas, "transo enquanto eu gosto, gozo enquanto durmo". guitarras comungam em um novo bordel. incomum inércia. encontrado abrigo em meio à chuva. ferida aberta. sangue jorra harmônico, em plenas notas. respinga, fere, corrói. e nos induz às ondas que nos levam e nos trazem. não adianta desligar. o som contaminado, não morre. foi despedaçado. olho de peixe ...